
Segundo a Pro
Publica, que consultou dados dos CDCs (Centros de Controle e Prevenção de
Doenças dos EUA), essas mortes ocorreram por ingestão acidental de doses
maiores do que as recomendadas na bula.
O problema,
diz a organização, é que a diferença entre a dose máxima por dia para adultos
(4 g) e a quantidade que pode causar danos ao fígado é pequena, facilitando a
overdose acidental.
Outro
problema é que a FDA (agência reguladora de remédios nos EUA) demorou muito
para incluir na bula alertas importantes sobre o uso da droga, em especial para
pessoas que bebem álcool regularmente ou tomam outros remédios.
FÍGADO
O paracetamol
é metabolizado no fígado. Em caso de doses excessivas ou de pessoas
desnutridas, que bebam álcool regularmente ou que tomem outros remédios, esse
metabolismo produz uma substância tóxica que pode levar à falência hepática.
No Brasil,
segundo o hepatologista Raymundo Paraná, não há dados sólidos sobre
intoxicações por paracetamol, mas a Sociedade Brasileira de Hepatologia está
iniciando um estudo em oito centros de referência para doenças do fígado e em
uma unidade básica de saúde para medir sua ocorrência.
O
hepatologista, que é professor da faculdade de medicina da UFBA (Universidade
Federal da Bahia), afirma que a dose máxima do remédio deveria ser reduzida de
4 g por dia para 3 g.
"É uma
droga segura, mas se usada no limite terapêutico. Até 3 g por dia não causa
problemas. Entre 3 g e 4 g já houve casos [de intoxicação] em pacientes que
usavam outras medicações."
Ele destaca
que o efeito colateral causado pelo paracetamol é previsível e proporcional à
dose tomada, diferentemente dos problemas que podem ocorrer com o uso do
analgésico que encabeça a lista dos remédios mais vendidos no Brasil, a
dipirona.
A droga já
foi ligada a um problema raro que leva a medula óssea a parar de produzir
células de defesa. Nos EUA e em alguns países da Europa, a dipirona não é
vendida.
Já para
Aurélio Saez, diretor de relações institucionais da Abimip (associação de
fabricantes de remédios isentos de prescrição), o fato de o Brasil e outros
países onde a dipirona é vendida não terem números tão grandes de intoxicação
por paracetamol fala a favor da dipirona.
Mas ele
lembra que nos EUA e em outros países com altas taxas de intoxicação por
paracetamol, é comum o uso desse remédio em tentativas de suicídio.
OUTRO LADO
Em nota, a
Johnson&Johnson, fabricante do Tylenol, afirma que, quando usado de acordo
com a bula, o paracetamol tem "um dos melhores perfis de segurança entre
os analgésicos isentos de prescrição". Mas, como qualquer remédio, pode
trazer riscos acima das doses recomendadas. "Os consumidores devem sempre
ler a bula, não ingerir mais do que a dose recomendada e seguir sempre a
orientação de um médico."
À Pro
Publica, a FDA admitiu que houve demora em acrescentar alertas às bulas do
Tylenol, mas que isso foi feito conforme a evolução das evidências científicas.
Fonte: Folha
de S.Paulo
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