quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O efeito colateral dos medicamentos para o colesterol



A Sociedade Brasileira de Cardiologia reduziu o limite de colesterol considerado saudável. Segundo a entidade, pacientes com alto risco de doenças cardiovasculares devem manter o colesterol abaixo de 70 miligramas por decilitro de sangue. O limite anterior era de 100 miligramas por decilitro. Na prática, milhares de brasileiros passarão a ser aconselhados a tomar remédios para reduzir o colesterol, conhecidos como estatinas. A nova recomendação, mais rigorosa que a adotada nos Estados Unidos e na Europa, provoca discórdia. Alguns cardiologistas dizem que a decisão é benéfica, porque a maioria dos infartados não controla os níveis de colesterol como deveria. Outros argumentam que os remédios visam combater apenas um dos mais de 200 fatores responsáveis pela obstrução das artérias.

O médico calcula o risco de cada paciente a partir de várias variáveis: idade, ocorrência anterior de infarto ou derrame, histórico familiar, tabagismo, obesidade, diabetes, colesterol ruim (LDL) elevado ou colesterol bom (HDL) muito baixo. Os problemas cardiovasculares são a principal causa de mortes por doença no Brasil c no mundo. É vital combatê-los, mas não se deve acreditar que infartos e derrames serão evitados apenas com o aumento no consumo de remédios.

As estatinas são a maior história de sucesso financeiro da indústria farmacêutica. Mas seu benefício é questionável. A cada 100 pessoas que tomam estatinas e nunca infartaram, apenas uma terá benefício. A cada 100 pessoas que tomam estatinas e já infartaram, 20 terão benefício. Se o paciente tem muitos fatores de risco e não consegue controlá-los, as estatinas trazem reais benefícios. Se ele faz atividade física, não fuma, não tem histórico de doença cardiovascular, não é hipertenso e está com o colesterol um pouco acima do limite, não faz sentido submetê-lo ao risco de efeitos colaterais. Eles ocorrem em 30% dos consumidores. Vão de dores musculares e desconfortos gastrintestinais a problemas graves e raros, que podem levar à insuficiência renal e à morte.


As sociedades têm um grave desafio quando o mau uso da tecnologia médica beneficia apenas os fabricantes e os prescritores. O efeito da influência indevida da indústria farmacêutica na elaboração de diretrizes médicas é bem conhecido: mais custos e menos saúde.
Fonte: CFF - Conselho Federal de Farmácia

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